quinta-feira, dezembro 24, 2015

Uma parábola do Natal - Encarnação: quando Deus inundou a humanidade





Havia um homem que nunca vira o mar. Era esta a sua maior tristeza. Mas temia, também, que, de vê-lo, com ele tanto se fascinasse que já não desejasse regressar.
E essa tristeza avolumava-se-lhe na alma.
Já bebera de muitas águas, já vira muitos rios, já se fascinara com belos lagos. Mas nunca se satisfizera com tal, porque nenhum deles era o mar.
Os seus amigos, de tanto lhe ouvirem esta tristeza, decidiram trazer-lhe o próprio mar, a tornarem-no presente, na sua vida, pois também eles já sabiam o que era o mar. Já outros se tinham decidido a mostrar-lhes quão belo ele era. E nunca mais desejaram nada que fosse menos do que o mar.
Juntos, deslocaram-se a uma das praias, levando uma grande tina que mergulharam nas águas calmas de uma baía. Com a água, vieram, também a areia, pequenos peixes, algas e o odor. Ah, o odor do mar!
Com cuidado, para que a grande tina de água não se entornasse, regressaram à casa do amigo.
Como se lhe abriram os olhos! A água era brilhante, cheia de cores e brilhos a que o sol conferia matizes diversos. E o cheiro a iodo... E os peixes e todo um manancial de vida salgada... Tudo aquilo era mar. Nada lhe faltava.
Do mar só precisava, agora, de conhecer a imensidão porque ali estava tudo o que era o mar. O encontro com a imensidão ficava, porém, reservado para quando a vida, de tão inebriada com a memória do mar, se cansasse e se decidisse a regressar ao infinito oceano. Até aí, restava viver com a saudade de uma memória do futuro: a do eterno.
E era Natal!

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